terça-feira, 19 de novembro de 2013

Construções e posição mercadológica...

É, hoje estou escrevendo pacas...rs

Pra quem ainda não sabe, também construo instrumentos.
Já foi um contrabaixo e uma penca de guitarras. Depois desta frase, fica a certeza de que preciso fazer mais baixos - hahaha

Gostaria de dizer que construir é o foco principal da oficina mas, o dia-a-dia não deixa.

Na minha cabeça, o principal é atender o cliente que chega aflito com um problema em seu instrumento - e acredite, as vezes é algo tão simples, tão rápido, e tem profissionais da área que pedem pro cliente deixar o violão/guitarra/whatever apenas pra orçarem em um prazo de 2, 3 dias (?!?!).

Ok, não dá pra parar toda a sua vida pra fazer um orçamento (afinal, você tem que fazer o que está em andamento) mas, dá sim pra parar e olhar na cara do cliente, ouvir o que ele diz, escutar o que ele precisa.
Dá sim pra ser simpático e receptivo; se colocar no lugar da pessoa que deixa uma parte dela nas suas mãos.

A pessoa espera e precisa de uma resposta ali - porque guardou o dinheiro; porque vai se endividar pra pagar. Não dá pra dizer: "depois eu te falo quanto custa e deixar o ser humano sem ter com o que tocar...rs

No mais, se você já trabalha com isso há um tempo, tem uma leve noção do tempo que leva pra fazer e o máximo que pode custar. Passe o valor máximo - se for menos, o cliente vai ficar mais feliz que você, pode apostar..kkk

Não é de hoje que o foco do mercado é o cliente. Estudos comprovam, pesquisas, vivência.

Sem clientes, não somos nada!!!

O cliente é o cara que entra na oficina esperando que você trate o instrumento dele melhor do que ele faria; é a pessoa que quer que você entenda o que precisa ser feito e faça rápido e bem feito.

Há espaço pra erros?! Não muito.

Já recusei alguns serviços aqui por não me sentir seguro pra fazer ou porque o custo seria um absurdo - simplesmente inviabilizando para o cliente tal feito.

Já aconteceu o contrário: eu pegar o serviço porque me identifiquei com aquele drama - independentemente de quanto o mercado me mostre que eu deveria cobrar caro bagarai pra fazer aquilo.

 Já peguei serviços de pessoas que claramente não poderiam pagar por ele, mas tinham algo no olhar que mostrava por A + B o quanto precisavam daquilo feito. E bem feito!

Já aconteceu de eu errar e ligar pro cliente contando - não é agradável, mas precisa e deve ser feito.

Não há regras... apenas pessoas!!!

Não é porque um cliente não pode me pagar o valor "X" que eu deixo de pegar um serviço. Eu já precisei de luthier, já tive que deixar instrumento parado e ligar em uma semana (e o cara nem tinha orçado ainda).

Eu também já precisei parcelar minhas regulagens - acredite ou não - mas todos somos assim. Altos e baixos financeiros. Lembro da mama dando cheques pra pagar um conserto de uma guitarra minha!!

Entenda: eu sei o seu drama e não quero nada disso pra mim, nenhuma energia direcionada que não seja legal e positiva. Eu já estive ai, do lado que você está.

Sempre cumpro prazos? Claro que não. Entra serviço direto e como disse, o foco é atender o cara que tem um problema.

"Ah, Edu: e se eu encomendar uma guitarra contigo, ela sai em 10 anos?!"

Não, mas ela vai ser feita em ritmo de "sprints" e não "jogging"...rs

Em uma semana "A" eu terei 2 dias e mexerei com construções - logo, mexerei na sua guitarra.
Ai vai entrar um monte de coisa pra fazer - e eu também tenho vida pessoal sujeita a erros de sistema - e eu vou ter que focar nisso =)

Na semana "B", terei 1 dia e tudo se repetirá.

Na semana perfeita, terei 4 dias pra mexer nisso... e assim por diante.

Acho que é por isso que 90% dos profissionais desta área tem problemas com prazos - mas conversando, todos se entendem e saem satisfeitos.

Sou adepto das regulagens express - como já mencionei aqui - mas claro, cobro por isso.

Estou deixando de atender alguém pra resolver o seu drama antes que o de todo mundo - mas só faço isso se o que vai ficar parado não atrapalha outra pessoa. Lembre-se: o foco aqui são as pessoas.


Comecei falando de construções e filosofei de novo...rs

Neste ano, construí algumas peças, experimentei muito, testei coisas pacas... e acho que começo a entender o que posso fazer, o que não posso, o que quero, o que não quero.

Algumas guitarras levaram dias para serem feitas e outras, estão meio paradas há meses.

Não adianta forçar... se algo deu trave, analise, perca um tempo, e faça com sua energia focada naquilo - por sorte, as construções que mais atrasaram são testes da oficina. Tenho construções de clientes em andamento que estão demorando - mas os mesmos estão cientes e sabem os motivos com total transparência.

Luthieria não é uma ciência exata e, se você acha que todo dia é mais do mesmo, não é.
Ah, quer trabalhar com isso, assim como eu?! Prepare yourself....rs

Já fiquei sem dormir muitas noites pra atender pedidos urgentes; porque sonhei com alguma coisa e ai fui pro Auto Cad desenhar; porque queria aproveitar o ânimo e regular 7 instrumentos num dia - sim, eu já fiz isso..rs

Também já me matei de trampar porque escolhi ficar construindo o dia todo e tinha 3 instrumentos pra regular e entregar no dia seguinte..rs

A questão é deixar todos satisfeitos - inclusive eu - com o trabalho desempenhado.

Se a sua motivação for apenas financeira, em qualquer ramo, algo está errado.
Ninguém vira o Zaganin (em qualidade x preço) da noite pro dia neste negócio - e como eu curto o trampo do Márcio!!!

Quem trabalha com criação não pode pensar nisso de forma alguma - afinal, o dinheiro é uma interferência que nubla toda e qualquer capacidade analítica do indivíduo, seja porque tem dinheiro; seja porque não tem.

Chega de falar... =)


Deixo umas fotos aqui com algumas idéias consolidadas, outras que ainda irei aprimorar, algumas que talvez abandone..rs

Abraços!!!











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